primeira pessoa | melech mechaya

O 13ª arte bateu à porta dos Melech Mechaya. Eles têm espalhado a sua música festiva pelo país e não deixam ninguém indiferente. O resto… o resto é conversa:

Alexandre Quinteiro: Na viagem Melech Mechaya muitas são as escalas para abastecimento. Como são as salas de espera?
Miguel Veríssimo: Não há salas de espera, a viagem só pára à chegada (por norma suada e sorridente)!
João Sovina: Arejadas
Francisco Caiado: Normalmente são estações de serviço!

André Santos: Normalmente estamos atrasados por isso não temos salas de espera…

João Graça: Não há tempo para isso. É chegar, abastecer e partir para outra festa.


AQ: A música será sempre, apenas, um prazer?
MV: A música é muitas coisas, e no nosso caso o prazer é uma constante.
JS: Nop, é uma comichão, uma saudade, uma empreitada, um bocejo, um sorriso, um (des)prazer, um sofrimento, uma comédia, às vezes um silêncio… Ou um forte odor!
FC: A música é a celebração de sentimentos e sensações… O prazer é apenas um deles.

AS: Sem prazer não há música.

JG: O prazer é a materialização de um árduo trabalho. Se assim não fosse não haveria prazer.

AQ: Lançado o EP esperam atingir maior notoriedade e alcançar airplay?
MV: O EP tem, sobretudo, dois propósitos: primeiro o de podermos dar às pessoas que nos vêem uma maneira de nos poderem ouvir fora dos concertos; segundo o de podermos divulgar a nossa música noutros meios que não os concertos – já tivemos algum airplay e já houve algumas críticas ao EP. Portanto, e resumindo: sim!
JS: Sobretudo ouvirmo-nos com outros ouvidos, e… ficar “extremamente ricos”!
FC: Queremos acima de tudo divulgar a musica que fazemos e se possivel pagar os custos que o EP teve!

AS: O EP acaba por ser o primeiro registo oficial dos Melech, não espero atingir maior notoriedade ou alcançar mais airplay, apenas ir marcando cada fase da vida do projecto que vivemos.

JG: Maior notoriedade sim, afinal queremos partilhar o nosso projecto com o público. O EP é um ponto de partida, apenas.

AQ: A vossa música é bastante diferente daquilo a que a maioria dos portugueses está habituada. Isso é um factor positivo ou negativo?
MV: Na quase totalidade das vezes é um factor positivo. Apesar de diferente e – para muitos – novo, as pessoas sentem-se quase sempre contagiadas e com vontade de dançar, e mostram-se positivamente surpreendidas.
JS: É “uma faca de dois legumes”…
FC: Acho que a diversidade é sempre positiva.  Permite expor realidades de outra forma ocultas e isso parece-me extremamente necessário em qualquer projecto musical. Por isso sim, ainda bem que não estão habituados a nós.

AS: Ambos… É positivo pois o factor surpresa joga a nosso favor. Negativo porque nem sempre o público está habituado a este tipo de concertos e fica meio tímido…

JG: A energia da música klezmer sente-se precisamente aqui. Um público que a desconhece agarra-a sempre em todos os espectáculos. A novidade é uma coisa boa.


AQ: Melech Mechaya e Klezmer. Dois conceitos? Em português…
MV: Conceitos? Mas… Nós temos conceitos? Klezmer é o nome do estilo de música que tocamos, embora também toquemos na música cigana, fado, tango, jazz, flamenco, etc. Agora conceito é que não estou a ver…
JS: Alegria/Vida e Música… Ou bate o pé e mexe-me na saia… “- Áiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii tira a mão daí, aleijaste-me…”
FC: Melech Mechaya é um termo hebraico que significa os reis da alegria/vida. Klezmer é um estilo musical de origens judaicas no qual buscamos muitas das nossas influências.

AS: Está respondido.

JG: Onde quer chegar?


AQ: Miserlou…
MV: Música tradicional grega, cuja versão do Dick Dale ficou popularizada no Pulp Fiction do Tarantino. Nos Melech é conhecida como “Lúcia”.
JS: ÓOOOOOO GRAÇA!!!!!!!!!!!!!!!
FC: pum papa pa pum papa pa!
JG: (levanto e cabeça, olho para o Sovina e… Trémulo!)
AS: Está respondida também!

AQ: Sei também que já deram concertos fora do território português. Qual é a sensação de actuar perante um público dissemelhante do nosso? Qual a reacção dos espectadores?
MV:
A pouca experiência que temos dá-nos a entender que o público português é mais entusiasta e extrovertido, e dá muito a quem está em cima do palco. Sempre que tocámos lá fora sentimos que o público gostou bastante, mas que exteriorizam de maneira diferente.  De referir que o facto de a nossa experiência “além-fronteiras” se resumir, actualmente, à Galiza, confere a toda esta resposta um nível de credibilidade bastante reduzido.
JS: Existem muitos públicos portugueses… Alguns mais estrangeiros que outros…
FC: Acho que cada público de cada concerto é único… Os galegos apenas falam de maneira mais esquisita!

AS: A sensação de tocar fora de Portugal foi fantástica pelo simples facto de sentir que cada vez vamos mais longe com a música que fazemos. No entanto só tivemos 3 actuações fora de Portugal, acho que é precoce avaliar já o público, pois cá já tocamos imensas vezes e tivemos públicos de todo o tipo, feitios e cores.

JG: Espectacular. Sinto que levo a bandeira para o palco. É uma responsabilidade ainda maior. Não somos só os Melech, somos um grupo português. Mas tem corrido sempre bem, o público corresponde.

AQ: Há alguma situação caricata que queiram partilhar com os leitores?
MV: Hum… Assim de repente vem-me à cabeça as galegas a beijarem-nos os vidros da carrinha e a gritarem “Casa-te comigo, cabrón!” para o André!
JS: No outro dia vi um pombo a atravessar a passadeira!  Parei e dei-lhe passagem…
FC: Obrigado João pela partilha… Epá sim, por exemplo já tivemos um cão a atacar uma rapariga durante um concerto em Évora! Que amor de bicho…!

AS: Já tivemos um bêbedo à frente do palco a refilar que queria ouvir era o bailarico e ao mesmo tempo roubava-nos as cervejas que estavam em palco para nós (oferta de um amigo do publico).

JG: Nos Açores um bêbedo, que antes tinha ido à mesa do técnico de som dizer que o nosso concerto não prestava, foi para a frente do palco dançar e roubou a minha imperial que tinha junto a um monitor. Foi na última música. Para além de queixinhas, era larápio!

AQ: O que sente a banda ao subir ao palco? De que falam e o que pensam no backstage (quando existe…)?
MV: No último concerto senti comichão nas costas.
JS: Uma aragem nas redondezas! E um medo terrível que a cerveja acabe ou o bar feche…
FC: Normalmente rezamos para que nenhum de nós tenha um pequeno AVC na primeira música, é muito importante não falhar na primeira…

AS: Eu sinto que ainda tenho o jantar as voltas na grande pança. O que falamos? Hum… “Graça despacha-te…”!

JG: Miguel, ensina-me a fazer o nó da gravata, é a última vez, prometo… (Digo sempre isto!)

AQ: Tony Madley disse que “Fazer discos e dar espectáculos vicia como uma droga”. Sentem isso?
MV: Tocar ao vivo vicia, sem dúvida. E quanto melhor correm os concertos e maior resposta temos do público mais vontade temos de repetir!
JS: Quem!?
FC: Vicia e cansa!

AS: Eu se estou um fim-de-semana sem tocar fico rabugento. Quando acabo de gravar algo já só penso em gravar algo novo. Respondi?

JG: Fazer discos nem por isso. Mas espectáculos sim. É um pulso de adrenalina que sobe corpo acima. É inevitável que vicie.

AQ: Como atentos e ávidos consumidores de música (como suponho que sejam), que lançamentos actuais vos despertam maior interesse (tanto no espectro nacional como internacional)?
MV:
Eu estou muito curioso em relação ao próximo dos Franz Ferdinand, por exemplo.
JS: Eu estou numa de Rui Veloso… Vá se lá saber porquê!
FC: Foge foge bandido do Manuel Cruz

AS: Eu estou sempre ansioso que saiam novas coisas de Flamenco e ciganada… No espectro nacional o projecto Sal deixou-me a acreditar que se faz boa música no nosso país (apesar de nem sempre ser reconhecida).

JG: Estou mais atento às músicas do mundo. Novo cd de Mariza, Camané, Toumani Diabaté, Mayra Andrade…


AQ: Para concluir, o que diriam a quem pegasse no vosso novo EP e o colocasse pela primeira vez na aparelhagem?
MV: Estás prestes a cometer o maior erro da tua vida!
JS: Já pagaste!?
FC: Respira fundo…

AS: Não aceitamos trocas nem devoluções!

JG: Foste enganado…


AQ: Bem, chegámos ao fim. Agora só tenho que agradecer imenso a vossa colaboração e disponibilidade para esta entrevista. Obrigado e até breve!
MV:
Ora essa, até breve e muita força para o 13arte!
JS: Mas quanto é que recebemos pela entrevista?!
FC: Muito obrigado pelas perguntas!

AS: O prazer é todo nosso.

JG: Obrigado e sucesso.

Exclusivo 13ª Arte por Alexandre Quinteiro

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